Editorial

O avanço da inteligência artificial

"A correção da tabela do Imposto de Renda é importante para garantir que os recursos arrecadados sejam utilizados de forma eficiente e justa. Além disso, também incentiva a formalização da economia, já que muitos trabalhadores informais acabam não declarando seus rendimentos por medo da alta carga tributária."

O parágrafo acima não foi escrito por um editor ou articulista, mas sim por um robô. Faz parte de um texto mais amplo, no tamanho e formato de Editorial, sobre o tema "necessidade de correção da tabela do Imposto de Renda", redigido pela inteligência artificial ChatGPT. Caso você não tenha lido ou ouvido falar sobre ainda, saiba que logo, inevitavelmente, irá se deparar com notícias e análises da ferramenta. Há algumas semanas, o avanço deste sistema e as aplicações que vêm sendo dadas a ele tem ganhado espaço nos debates. E provocado dúvidas sobre seus prós e contras.

Enquanto para algumas pessoas essa inteligência artificial significa um problema (no mínimo) devido às inúmeras possibilidades controversas de uso, como por exemplo a redação de trabalhos escolares e acadêmicos, artigos de opinião ou reportagens, para outras tantas representa uma evolução já esperada, inevitável e até mesmo benéfica. Tanto que já existem sites de notícias se utilizando dessa ou de outras ferramentas semelhantes para dar agilidade ao trabalho de publicar informações menos complexas.

E é neste ponto que reside algo fundamental para grande parte do público consumidor de informação, como você que lê agora este Editorial: a complexidade. Ao assinar um Jornal, ao ler um artigo, um livro ou uma pesquisa, você espera ter acesso a mais que textos bem escritos e com lógica. O essencial é, também, compreender o contexto, as nuances presentes naquela notícia ou análise. Algo inerente aos seres humanos que, até onde se sabe neste momento, nenhum robô tem sido capaz de reproduzir. E mais: nos temas mais próximos do dia a dia das pessoas, como aqueles problemas de suas comunidades ou vizinhanças, dificilmente a inteligência artificial atual terá o grau de conteúdo - e capacidade de análise - suficiente para apresentar ao público algo de fato esclarecedor ou capaz de provocar reflexão.

Que a presença de ferramentas como o ChatGPT na vida de todos em futuro muito breve é inevitável, não há como negar. Contudo, nada substitui o papel humano de dar profundidade e nexo aos mais diferentes assuntos. Ou você trocaria as notícias e opiniões produzidas pelo olhar de quem vive e testemunha os fatos diariamente por relatos frios e distantes de robôs?

A inteligência artificial pode, e deve, ser aliada. Dificilmente poderá substituir por completo.

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